quinta-feira, 29 de julho de 2010

Cantinho

Was so good to sleep in the corner,

There was no better place on earth I'd rather be.

I wish I could return to the corner


miss...

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Loucos anos 20


Estava com ideias de me deitar cedo, porque o cansaço era demasiado. De repente, … parei tudo o que estava a fazer, deixei a minha maninha pendurada ao telefone assim que ouvi as primeiras notas que trinavam nas cordas de uma tão delicada guitarra. A que na minha opinião é a melhor música de todos os tempos tocada pelo grande mestre da guitarra portuguesa, “Verdes Anos”, ecoava do lado de lá da minha janela. Quem a tocava sabia que assim o era e o significado que teria para mim. Como da janela, não conseguia ver o que se passa, largo e tudo e desço a abrir a porta… e a confusão total! Não sabia se rir, se chorar! Mas a emoção foi tal que as lágrimas logo vieram aos olhos. Quatro estudantes envergando o traje da maior academia do país, com as suas capas traçadas faziam uma serenata. À sua volta, estavam as pessoas mais fantásticas do mundo. Até os que não estavam presentes fisicamente se faziam sentir. O meu grau de tremura já é demasiado, mas ali parecia que o chão me saía dos pés ( estava em grau 7 na escala de Richter). Nem de pé conseguia estar. Chegou a certa altura, que a emoção era tanta que já nem as lágrimas conseguiam sair. Não tinha palavras… queria falar e não conseguia! Foi a maior surpresa do maior ovo Kinder que alguma vez podia ter na vida. Todo o plano engendrado ao pormenor… Depois de abracinhos e agradecimentos a todos, deram-me a melhor noite que alguma vez poderia ter tido com direito a massagem e tudo.

Após vinte anos a viver numa terra com o privilégio de ser banhada pelo grande azul, nunca me tinha dado para passar a noite na praia. Até isso eles me deram…uma grande noite de lua cheia, na qual a sua luz intensa era reflectida nas águas e tornava tudo ainda mais mágico. Desde os jogos de volei e rugby, aos jogos de areia, à sessão de fotografias, aos ataques de cócegas, às parvoíces…parecia tudo saído de um sonho! A melhor noite sem dúvida dos últimos 20 anos. Nunca fui tão feliz num dia de anos…nem quando fiz uma festa no Mc Donald’s ou quando recebi o livro que tanto queria, porque nunca tinha recebido uma encomenda tão grande de amizade. Acho que cheguei mesmo a apanhar uma overdose dessa simples palavra que é tanto!

Desde a directa de uma noite inesquecível, de uma açorda da avozinha que por incrível que pareça hoje me soube bem (e só eu sei como odeio açorda), ao lanchinho na esplanada da clássica pastelaria com velhos amigos… tudo perfeito! É pena só haverem coisas que nunca mudam, mas pronto…

Só vos quero deixar umas simples palavras, uma vez que não sei como vos hei-de agradecer. Espero que saibam, que aqui a coração de pedra que nunca chora, fartou-se de verter lágrimas por vossa causa…lágrimas de felicidade como é óbvio!! Aliás, escrevo com o teclado molhado das gotas de contentamento que os meus olhos não param de deitar! Penso, que choro com o coração.

Vocês são sem dúvida as pessoas mais fantásticas que alguma vez passaram na minha vida! Nunca na vida, e por mais desconfiada que seja, pensei que me fizessem uma coisa dessas… foi a coisa mais magnífica que alguma vez assisti…e podem ter a certeza que nunca mais, nem que venha a ter Alzheimer, se apagará de mim…porque um coração nunca esquece. Longe ou perto, independentemente do que o futuro nos reserve, vou levar-vos para sempre comigo..a vós e as nossas maluqueiras, que sem elas não éramos felizes. Se alguma vez tive dúvidas quanto ao conceito de amizade e de amigos, hoje essas dúvidas desvaneceram-se todas. Tudo ficou claro e cheguei à brilhante conclusão que já não sei viver sem vocês. A importância descomunal que têm na minha vida… não tem descrição. Dos grandes aos pequenos, dos preversos aos santinhos, dos broeiros aos mais tímidos, de norte a sul (e arredores, como o norte de África J)…todos têm em mim uma parte de vós. Porque no fundo eu sou feita de vós. Até aos meus paizinhos que conspiraram com vocês, um muito obrigada por me terem educado e aturado durante estes 20 anos, aos quais devo toda a minha vida. Podia estar aqui a encher 20 páginas com MILHÕES DE OBRIGADAS!, mas acho que já perceberam o que quis dizer… aliás nem consigo arranjar palavras nem para descrever, nem para agradecer. Simplesmente, acho que não o merecia, mas pronto. E como já gastei 3 lenços com a choradeira, acho melhor ficar mesmo por aqui.

Quero dizer-vos só mais uma coisa…. AMO-VOS a todos sem excepção! E mais uma vez, e porque acho que não disse as vezes suficientes durante a noite, VOCÊS NÃO TÊM JUIZO!!

Um muito obrigada :’)

Brinde aos avós

Aos meus avózinhos, um feliz dia dos avós!!
Se não fossem vocês, não estava cá hoje :)

Um grande obrigada

domingo, 25 de julho de 2010

Os dois macacos


Era uma vez dois macacos tão parecidos como duas gotas de água, e que faziam as mesmas coisas e tinham pensamentos iguais.

Quando ao primeiro macaco lhe apetecia trepar a uma bananeira e apanhar uma banana madurinha, ao segundo macaco apetecia a mesma coisa. E, zás!, os dois ao mesmo tempo trepavam pela árvore acima.

Um dia aconteceu o que era de esperar. Os dois macacos atiraram-se à mesma banana. Esta escorregou-lhes das mãos e caiu em cheio dentro da boca da zebra, que estava a olhar para eles.

A zebra deitou a fugir e os dois macacos correram atrás dela, mas a zebra corria mais e desapareceu no mato, escondendo-se entre as folhas raiadas como o seu pêlo.

- Uff! – exclamou o primeiro macaco sem quase poder respirar. – Estou morto de sede.

- Uff! – exclamou o segundo macaco. – Também eu!

De mão dada, correram para o rio. Mas a margem estava tão lamacenta que o primeiro macaco escorregou. Chap! E, arrastando o companheiro, caiu à água… mesmo ao pé de um grande crocodilo que tinha a boca aberta.

A toda a pressa, os dois macacos saíram da água… mas o que tinha arrastado o amigo só conseguiu escapar deixando um bocado do rabo na bocarra do crocodilo.

Ficou tão furioso que, quando o outro macaco declarou: «Não acho lá muito agradável apanhar uma dentada de crocodilo», não respondeu como de costume: «Também não acho».

Pelo contrário, exclamou:

- Não acho nada agradável ser tão parecido com outro como duas gotas de água, fazermos ambos sempre o mesmo…e, principalmente, termos pensamentos iguais, pois isso traz-nos sempre arrelias.

Dizendo isto, afastou-se amuado e foi para detrás de um grande penedo. Mas quando o rabo deixou de lhe doer, principiou a sentir-se muito só.

E ficou todo contente quando o amigo apareceu e lhe propôs fazerem as pazes.

Mas assim que o primeiro macaco lhe disse: «Apetece-me ir apanhar morangos para o jantar», não respondeu: «Também a mim.» Volveu, pelo contrário:

- Apetece-me ir buscar açúcar e natas frescas para comer com os morangos que tu desejas apanhar.

- Que bela ideia! – disse o primeiro macaco. – Assim é muito melhor!

E, dali em diante, os dois macacos nunca mais tiveram arrelias, porque os pensamentos de um completavam, felizmente, os pensamentos do outro.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

equação do amor



((AM+BC).X)/(B(X+XOC))=AM/
B-CTE/((X+BOC))

(AM+BC).X = AM (X + BOC)-BCTE

AMX + BCX = AMX + AMBOC – BCTE

BCX = AMX – AMX + BC (AMO-TE)

BCX=BC (AMO-TE)

X = AMO-TE

Provérbio chinês

Há três coisas na vida que nunca voltam atrás: a flecha lançada, a palavra pronunciada e a oportunidade perdida

quinta-feira, 22 de julho de 2010

a saudade ... ahhh



Filosofia do Gabiru

Ser só para sonhar e para ver este espectáculo único – a natureza; para passar os meus dias vendo as transformações duma daquelas árvores que daqui contemplo!...

Tenho a certeza de que fui árvore e é por isso que tanto as amo.

Há livros que falam baixinho, há livros que falam alto. Uns têm por si o encanto, outros a força. Às vezes as palavras murmuradas impressionam mais: passado tempo ainda elas acordam em nós fibras adormecidas.

Porque é que a água, até o mais humilde charco, atrai e faz sonhar os homens contemplativos?

Quanto mais desprezo o homem, mais amo a natureza. Ela é inalterável.

O homem prende-se a muitas coisas inúteis: a riqueza, a ambição, interesses mesquinhos: vive emaranhado numa teia. De forma que não tem tempo de ver, nem de ouvir, nem de conhecer. Quantas criaturas existem que nunca olharam para o céu? A natureza, árvores, montes, rios, esse pélago que entrevejo do meu quarto deixa-os indiferentes, as horas de preguiça e sonho deixam-nos indiferentes. Nunca tiveram tempo para amar as coisas simples e grandes da vida. O que é eterno não o viveram. Por mim, antes quero comer pão e cismar, deixar correr as minhas ideias como um regato corre - até onde tem água. Alguns morrem sem terem reparado que existiram.

É por isso que eu corto sempre com tudo o que me não deixa sonhar.

Raul Brandão “ os pobres II”

a solidão

Tem a solidão isto de comum com o silêncio e a escuridade: espanta e aturde quem nele cai; mas, logo que o ouvido liberta dos sons fortes, aprende a conversar com a mudez; tanto que os olhos, desfocados dos luzeiros intensos, se exercitam em caçar visões de raios, fosforescências indecisas, que são como que os cílios das trevas, abriu-se o negrume em brilhantismo, o silêncio avivou-se de diálogos, a solidão, que parecia o nada, é um mundo novo com um sistema completo de existências imprevistas e apropriadas.

Que admira? A solidão medita, e a meditação cria. Os sentidos alimentam-se do que lhes oferecem a natureza, a fortuna, o acaso; a divindade interior, a alma, tem tratos inexplicáveis com o íntimo e desconhecido.

[…]

Boníssima solidão! Tu és para a sociedade o que as tuas montanhas são para os vales: nas tuas entranhas se filtram, dos teus recôncavos rebentam os génios possantes e profundos que vão derramar por longe a fertilidade. Mas tu não és só mãe às torrentes caudais: uma fontinha entre lapas, desconhecida, não se goza menos do teu favor. Sobre o pouco libertas dons, como sobre o muito; prudente para o imenso, prudente para o limitado. Solidão, inspiradora de todos os visionários, de todos os descobridores, de todos os inventores! Solidão, ninho das rolas como das águias, perdoa, se eu não sabia ainda apreciar-te!

António Felicidade de Castilho, “ A chave do enigma”

um barco sem leme


As pessoas ficam realmente mais feias quando crescem? Será que o tempo empanturra de inveja o nosso olhar, como se só o desdém fosse o melhor amigo de todos os remorsos? Será que é por uma insaciável fatalidade que, depois de todas as pessoas a quem dizíamos “bom dia!” serem nossas amigas, crescer nos torna, tragicamente, mais sós? Será que, após um olhar de inocência sobre as pessoas, teremos todos de chegar às mesmas “leis gerais” como, por exemplo, aquela que reclama que «os homens são todos iguais» (sem que quem o diga repare que, por outras palavras, nos confirma que as fantasias que constrói, diante de quem quer que seja, se repetem sem parar)? Porque é que as pessoas, à medida que crescem, dão tantos conselhos e tão maus exemplos? Porque é que a vida parece engolir sonhos e desejos, ficando tão complexa à medida que se vive, levando a que as pessoas – ao não conseguirem dividir-se pela família, pelos seus amores, pelo trabalho, pelos compromissos, ou pela irreverência do seu crescimento – exijam aos outros o que, todos os dias, não conquistam para si? Será que é por tudo isto que, por várias vezes, tantas pessoas desejam «parar», «começar de novo» ou, por um momento, dizer: «esta não é a minha vida»? Pois é…
Muitas pessoas, não tendo quem olhe por si, deixam de ser arquitectos dos sonhos e engenheiros dos seus desejos.
Resta-lhes o “vai-se vivendo” de todos os dias, ou o “entreter-se” e as “distracções” que dão à vida o rumo da pré-reforma, e a transformam num «aprenda a morrer sem dor, em suaves prestações», um dia após o outro. Mudam alguma coisa para que nada deixe de ser como era dantes. Isto é, mudam para não se transformarem. Não é que não desejem uma transformação. Muito menos, que não saibam que ninguém se transforma sozinho. Mas têm medo, acima de tudo, de se confiar a quem mobilize – de dentro para fora – essas transformações.
Muitas pessoas receiam desenhar um rumo para aquilo que desejam. Parecem sentir a vida como um barco sem leme, por não terem quem, olhando consigo, faça de farol e de horizonte ao mesmo tempo, tornando os sonhos navegáveis e dando «novos mundos» a todos os desejos.
Crescer é não olhar pelos outros. Muito menos, fazer de “gata borralheira”. (Se for assim, em vez de nos admirarem como mártires, o melhor que conseguimos é sentirmo-nos crucificados…)
Crescer é olhar por nós. Deixarmos de estar à espera de encontrar, em todas as pessoas a quem dizemos «bom dia!», quem olhe por nós. Afinal, crescemos sempre que, no lugar de quem olha por nós, surge quem olhe connosco. E, em vez de correr para nós, corra connosco. E não vivendo por nós, nasça connosco… É isso que separa imaginar que se voa de aprender a voar.

Eduardo Sá

os vencidos da vida


Afinal, bem vistas as coisas, o Homem é um acidente da Evolução. Se formos até aos 100 milhões de espermatozóides de cada ejaculação dos nossos avós e ao milhão de óvulos que cada uma das nossas avós terá produzido nas suas vidas, e fazendo um cálculo semelhante para os nossos pais, a probabilidade das mesmas duas minúsculas células de que resultámos se virem a encontrar terá sido de 1 para 10 seguido de 23 zeros. O que nos dá a deliciosa sensação de sermos uma completa improbabilidade, uma coincidência ou, se preferirem, um produto - incalculável! - do acaso.
Um nível de insignificância tão exuberante teria merecido - de muitos daqueles que combatem o acaso com muitos números - a desistência diante de quaisquer veleidades da criação humana. Mas tanto acaso confere a cada um de nós, desde o princípio, o privilégio - mais ou menos divino - de existirmos ao "arrepio" de todas as probabilidades. E tantos parâmetros que previam que jamais viríamos a existir - diante de milhares de milhões de hipóteses de um outro incauto espermatozóide vir a produzir alguém melhor do que nós - remete-nos para o mistério de existirmos porque alguém - Deus, por exemplo - terá dado uma ajudinha. Por outras palavras, estando abrangidos por aquela fatalidade que prevê que "nada se cria, nada se perde, tudo se transforma", o acaso arranjou-nos este imenso trabalho de sermos levados a imaginar que, apesar de abrangidos pelas leis da Natureza, a Vida seja mais do que um contrato de habitação periódica que Ela tenha feito connosco.
Este acidente fantástico da evolução leva a que esqueçamos, por vezes, esta aura acidental e, de forma mais ou menos megalómana, que queiramos ser senhores do acaso e vencer a vida. É claro que muitas pessoas consomem-se ao tentar vencer a vida e acabam, sem terem vivido por dentro, vencidos por ela.
Somos vencidos pela vida sempre que desperdiçamos, sem reparação, as pessoas que, gostando de nós, não conseguem ser o espelho que nos dá vida. Muitas pessoas são arquipélagos onde as ilhas se separam prevalecem sobre o oceano que as une. Mas, apesar disso, é do modo como alguém (algures no nosso crescimento) nos amou que nasce a fé e o desejo.
É claro que, sempre que falamos de fé, damos de caras com Deus. E, logo que se pensa no desejo, esbarramos na sexualidade. E sem insolências, acho que tais confusões são "indigestas"... Desejar a vida só é possível quando temos fé nas pessoas. No seu amor e na função redentora que possam ter dentro de nós. É da fé que nasce o riso e o encantamento que vestem o desejo de vida e nos abrem para o fogo e para os arrepios da paixão. Mas, infelizmente, a muitas relações faltam a fé, o riso e o encantamento e, por isso, em vez do desejo da vida, prevalece sobretudo o desamparo. São essas relações que levam, com gula, a que se anseie vencer sobre todas as coisas porque, no mais fundo dessas pessoas, se reconhecem vencidas pela vida.


Eduardo Sá, " Chega-te a mim e deixa-te estar"

Carpe Diem

Senti mesmo uma enorme necessidade de escrever sobre isto. Talvez, devido a uma conversa que tive ou até dos últimos acontecimentos. O facto de alguém desaparecer da nossa vida, do nosso mundo, faz-nos ver a vida por um outro prisma. Parece que ficamos ocos, vazios. É um sentimento de inutilidade tal, que só aí nos damos conta que afinal o mundo não gira à nossa volta. Só damos valor ao que temos, quando o perdemos. Só damos valor às pessoas, quando já não as vemos. Por vezes, dizer “Amo-te”, “Desculpa”, “Ajuda-me” ou até um simples “olá” é muito complicado. Mas quando temos que dizer um “até sempre”ou “Adeus” ou sentimos a própria saudade a trespassar o nosso coração, acreditem que é muito pior e acabamos por dar valor a estas pequenas expressões, que passamos a vida a esconder dos outros. Por vezes, nem nos apercebemos do que significamos para as pessoas ou do que elas significam para nós. Estamos mais preocupados em olhar única e exclusivamente para o nosso umbigo. Quando nos pedem ajuda, somos capazes de até a dar. Mas se nos pedirem um sorriso, temos medo de nos expressar e de mostrar os nossos sentimentos.
Sinceramente, sinto um pouco de receio ao pensar que nos podemos tornar todos escravos, na medida em que só nos preocupamos com rotinas, trabalhos, obrigações. E os nossos sentimentos, os nossos momentos, o nosso prazer, o nosso lazer… onde ficam?

- A (in) utilidade das coisas –

Faz – me uma enorme confusão, a importância que certas pessoas dão a certas coisas. Um verniz, uma carteira, um casaco, um telemóvel… Futilidades! Coisas sem nenhum valor. Insignificâncias.
Parece que vivemos em função de certos objectos e que sem eles não conseguiríamos sobreviver. Uma rotina criada à volta daquilo. Uma vida em função de objectos! E o mais grave é o facto de estes serem inúteis. Antes de um qualquer o ter inventado, as pessoas conseguiam viver sem ele. Porque é que nós, em pleno século XXI, não conseguiríamos. Parecem medicamentos, quanto mais os tomamos, maior é a dependência.
Não existe no mundo, um único ser humano que não tenha o seu objecto, a sua dependência e é de notar que estes não são propriamente os mais baratos do mercado. Quando estes são ultrapassados e surge um novo e melhor modelo, corremos a comprá-lo. É lamentável, mas é assim. E isto para não falar da grande necessidade que o ser humano tem em se exibir.
Dizem “ o dinheiro não traz felicidade!”. Em certa parte concordo com a afirmação.
Olhem ao vosso redor. Todos nós já tivemos alguém que nos viesse estender a mão para pedir uma esmola. Certo? Então agora digam-me se acham que essas são pessoas felizes. Não têm dinheiro para comer, não têm uma casa onde possam viver, uma cama onde possam dormir. São felizes? Aqueles que casam, se não tiverem dinheiro para construir a sua casa, a sua família, ter os seus filhos (porque até para se ter filhos é preciso dinheiro), conseguirão ser felizes? Aqueles que têm problemas de saúde, económicos, jurídicos e não tiverem dinheiro para os resolver, serão felizes? Até um país quando está em crise, conseguirá ser feliz? Estes são alguns dos muitos problemas com que a nossa sociedade se depara devido à falta de dinheiro. Até para morrer é preciso o ter.
Penso que o dinheiro traz bem-estar e não felicidade! Para sermos felizes, é necessário termos bem-estar. Mas bastará?
Obviamente, que a felicidade não vai depender do que comemos, do que temos, do que gastamos. Mas sim, de quem amamos.
Saber que temos dinheiro para comprar o que quisermos até a própria felicidade (como se isso fosse possível), faz de nós coisas para as quais tudo se transforma em cêntimos.
O facto de necessitarmos de “coisas” para vivermos, torna-nos por vezes despreocupados da forma como gastamos e do significado de ganhar dinheiro. E com isto tudo, para além de fúteis, tornamo-nos gananciosos e gastadores natos.
Se o homem da pré-história conseguia sobreviver praticamente só rodeado pela natureza, porque é que nós não havemos de conseguir?
Acreditem que antes de precisarmos de objectos, precisamos de afectos e sentimentos.
Não dêem tanta importância a um carro ou a um computador. DÊEM IMPORTÂNCIA À VIDA!

- De hoje para amanhã –

A vida é tão efémera! A efemeridade. Penso que foi criada para caracterizar a vida. Não lhe podemos tentar dar outro sentido, se não este. O facto de hoje para amanhã, de um momento para outro, a nossa vida poder mudar por completo devia-nos tornar bastante mais “agarrados” a ela.
Tiram-nos o chão! Deixam-nos sem casa, sem amigos, sem família. Deixam-nos sem amor, sem carinho. E perguntamos porquê?
Tantos são os problemas da vida, tantas dificuldades no dia-a-dia. E não conseguimos perceber que tudo isto são situações para nos colocarem à prova. “Pedras no caminho? Guardo todas, um dia vou construir um castelo..."
Se vivermos cada dia a pensar só e apenas nos pesadelos que nos atormentam à noite, e nem sequer dermos um pouco de atenção a toda a beleza que nos rodeia.
Um bom exercício: comecemos no final de cada dia a escrever o momento mais feliz daquele dia, mesmo que tenha sido apenas um minuto. Apontem e tentem que no dia seguinte esse momento seja ainda mais feliz e prolonguem-no.
“Esta vida são dois dias. E um é para acordar das histórias de encantar.” Pensamos que vamos viver para sempre, e não vivemos cada minuto com se fosse o último. Mas, se nos dizem que não vamos viver para sempre, começamos a pensar na qualidade de vida. Onde está a alegria e a procurá-la. É altura de o fazermos, seja o que for; temos a nossa “lista de desejos”, é melhor realizá-la.
Façam a vossa lista de desejos, e realizem-na a cada dia. Um deles será o último. Vivemos e morremos e a roda da vida nunca pára de girar. Aproveitem cada dia e cada momento, como se não existisse amanhã.


CARPE DIEM!

Teresa Lino