domingo, 25 de julho de 2010

Os dois macacos


Era uma vez dois macacos tão parecidos como duas gotas de água, e que faziam as mesmas coisas e tinham pensamentos iguais.

Quando ao primeiro macaco lhe apetecia trepar a uma bananeira e apanhar uma banana madurinha, ao segundo macaco apetecia a mesma coisa. E, zás!, os dois ao mesmo tempo trepavam pela árvore acima.

Um dia aconteceu o que era de esperar. Os dois macacos atiraram-se à mesma banana. Esta escorregou-lhes das mãos e caiu em cheio dentro da boca da zebra, que estava a olhar para eles.

A zebra deitou a fugir e os dois macacos correram atrás dela, mas a zebra corria mais e desapareceu no mato, escondendo-se entre as folhas raiadas como o seu pêlo.

- Uff! – exclamou o primeiro macaco sem quase poder respirar. – Estou morto de sede.

- Uff! – exclamou o segundo macaco. – Também eu!

De mão dada, correram para o rio. Mas a margem estava tão lamacenta que o primeiro macaco escorregou. Chap! E, arrastando o companheiro, caiu à água… mesmo ao pé de um grande crocodilo que tinha a boca aberta.

A toda a pressa, os dois macacos saíram da água… mas o que tinha arrastado o amigo só conseguiu escapar deixando um bocado do rabo na bocarra do crocodilo.

Ficou tão furioso que, quando o outro macaco declarou: «Não acho lá muito agradável apanhar uma dentada de crocodilo», não respondeu como de costume: «Também não acho».

Pelo contrário, exclamou:

- Não acho nada agradável ser tão parecido com outro como duas gotas de água, fazermos ambos sempre o mesmo…e, principalmente, termos pensamentos iguais, pois isso traz-nos sempre arrelias.

Dizendo isto, afastou-se amuado e foi para detrás de um grande penedo. Mas quando o rabo deixou de lhe doer, principiou a sentir-se muito só.

E ficou todo contente quando o amigo apareceu e lhe propôs fazerem as pazes.

Mas assim que o primeiro macaco lhe disse: «Apetece-me ir apanhar morangos para o jantar», não respondeu: «Também a mim.» Volveu, pelo contrário:

- Apetece-me ir buscar açúcar e natas frescas para comer com os morangos que tu desejas apanhar.

- Que bela ideia! – disse o primeiro macaco. – Assim é muito melhor!

E, dali em diante, os dois macacos nunca mais tiveram arrelias, porque os pensamentos de um completavam, felizmente, os pensamentos do outro.

Sem comentários:

Enviar um comentário